Lando Norris chega a Abu Dhabi com 408 pontos, doze à frente de Max Verstappen e dezesseis sobre Oscar Piastri, e com a pressão de converter liderança de largada em título de encerramento — algo que, desde 2018, só aconteceu com quem venceu o GP de Yas Marina na temporada anterior. O britânico cruzou primeiro na corrida de 2024 no deserto e, agora, pode transformar a superstição estatística em taça real no domingo, 7 de dezembro, quando a bandeira quadriculada definir a temporada 2025.
A sequência que beneficia Norris começou com Lewis Hamilton, vencedor em Abu Dhabi-2018 e campeão em 2019, repetindo o roteiro em 2019/2020. Depois, Verstappen fechou quatro ciclos consecutivos: triunfo em 2020 e título em 2021; vitória em 2021 e bi em 2022; 2022 e tricampeonato em 2023; 2023 e tetra em 2024. O dado, ainda que sem relação técnica com desempenho, carrega peso psicológico numa briga tão equilibrada: qualquer erro nos 58 voltas de Yas Marina pode quebrar a lógica recente da categoria e entregar a Norris a primeira coroa da McLaren desde 2008.
Os números da campanha reforçam o favoritismo do britânico. Em 22 provas, ele somou sete vitórias (Austrália, Mônaco, Áustria, Grã-Bretanha, Hungria, México e Brasil), dez pódios e apenas dois abandonos. A consistência manteve-no na ponta mesmo após a reação tardia de Verstappen, que reduziu uma desvantagem de 56 pontos em setembro para doze na rodada final. Piastri, por sua vez, aproveitou o bom ritulo da McLaren MCL39 nos circuitos de alta downforce e chega com quatro vitórias no campeonato, sendo a última em Interlagos, no domingo 30, quando superou o companheiro de equipe em um treino livre que indicou equilíbrio total entre os papéis da escuderia britânica. A construtora já celebrou o título em Cingapura, com três corridas de antecedência, e agora assiste ao duelo interno que definirá o campeonato de pilotos.
O cenário para o fim de semana é de tensão controlada: Norris precisa terminar, no mínimo, em terceiro para depender apenas de si, enquanto Verstappen ou Piastri precisam vencer e torcer por tropeço do rival. A pista de 5,2 km favorece ultrapassagem nos setores 2 e 3, mas a largada longa até a curva 5 costura estratégias de pneos e safety cars virtuais que podem reverter qualquer previsão. A meteorologia indica asfalto seco e temperatura em queda a partir das 17h locais, horário do grid, reforçando o cenário de corrida limpa e gestão de borracha. Assim, a superstição de Abu Dhabi pode virar estatística novamente — ou a lógica dos números pode ser quebrada por um detalhe de boxes ou bandeira amarela no meio do deserto.